O Estado de S.Paulo (29.02.12)
Bastidores: David Friedlander e Leandro Modé
A crise que tomou conta do Banco do Brasil teve origem bem longe de Brasília. Começou no Rio de Janeiro, há cerca de um ano, durante o processo de substituição do executivo Roger Agnelli na presidência da Vale. Neste momento, entram em cena dois Ricardos. Um deles é Ricardo Flores, que comanda o conselho de administração da mineradora e preside a Previ, bilionário fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil.
O outro é Ricardo Oliveira, mais conhecido como 'Ricardo Gordo'. Vice-presidente de governo do BB, ele é considerado por muitos o homem mais influente da instituição hoje. É próximo do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. A Ricardo Gordo é atribuída, por exemplo, a indicação de Aldemir Bendine para a presidência do BB, em 2009.
Quando o governo articulav a a troca de comando na Vale - que é privada, mas sofre forte influência de Brasília - , o grupo de Ricardo Gordo tentou emplacar o sucessor de Agnelli. Foram duas indicações: Rossano Maranhão, ex-presidente do BB hoje no comando do Banco Safra, e o próprio Bendine.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, preferiu Murilo Ferreira, executivo que já tinha passado pela Vale. Flores respaldou a escolha do ministro, o que contrariou Ricardo Gordo e Bendine.
Pessoas ligadas ao grupo de Ricardo Flores afirmam que, ao perder a Vale, a artilharia do grupo rival se voltou para a presidência da Previ, que tem em caixa mais de R$ 160 bilhões para investir.
Do outro lado, pessoas próximas a Ricardo Gordo dizem que Flores teria apoiado uma suposta tentativa do então vice-presidente internacional do BB, Allan Toledo, de assumir a presidência do banco no lugar de Bendine. Toledo acabou demitido no fim do ano passado.
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