Brasília (DF), 25 de agosto de 2011
Prezados(as) colegas,
Há 19 anos fui eleito para o Conselho Deliberativo Estatuinte da ANABB.
Há pouco mais de 18 (dezoito) anos fui convidado para compor a Diretoria Executiva.
Muito me orgulha ter sido um dos protagonistas de grande parte da maravilhosa história dessa grande instituição.
Durante esse período enfrentei três graves crises que se abateram sobre esta entidade.
Em 1993, em poucos meses de mandato, vi acontecer a primeira delas: o impeachment do presidente que me convidou para vir a ser Diretor. Em momento algum titubeei em tomar posição contra ele, tão logo os fatos mostraram que agia de forma antiética e em desacordo com os bons princípios da governança.
Em 1998, depois de retornar de uma campanha para Deputado Federal, no Rio Grande do Sul, me deparei com o início daquele que seria o maior período negro da história da ANABB, culminando em uma intervenção judicial atabalhoada.
E enfrentei os piores dias da minha vida. Muitos de vocês são testemunhas do que estou dizendo. Restou a alegria de ver, ao final, restaurada a normalidade pela própria justiça.
E agora, em 2011, lamentavelmente, outra crise se instala. Agora causada por denúncias graves do Corretor dos Seguros Decesso Complementar e Máster, da ANABB.
Seria bom se os Conselheiros da entidade procurassem analisar por que nos últimos anos a ANABB tem enfrentado importantes desavenças com aqueles que sempre foram considerados seus grandes parceiros.
Primeiro foi com o escritório de advocacia do Dr. Ivo Evangelista de Ávila que, de uma hora para outra, passou de parceiro a inimigo. Que razões levaram a isso? Ele realmente é um incompetente ou mal intencionado? Falta ou displicência nos nossos controles? Uma coisa salta aos olhos: certamente faltou maior controle da entidade para evitar, tempestivamente, as alegadas falhas que tanto prejuízo tem trazido à entidade e seus associados.
Depois, a insana briga com o escritório de advocacia do Dr. Édino Franzio de Souza que, prestes a ver sacramentada a liquidação das ações de IR Kilometragem, foi desconstituído como patrono da Ação e brigou até recentemente para receber valores que alegava ter direito. Foi por falha da instituição que aditivou mal os contratos e não resguardou adequadamente os interesses da entidade ou houve falhas gritantes do advogado?
Mais recentemente, vieram à tona as graves denúncias do Corretor dos Seguros Decesso Complementar e Master e o rompimento com aquele que, até bem pouco tempo, parecia ser um grande parceiro da entidade. De repente virou inimigo, também?
O que leva grandes parceiros a se tornarem grandes inimigos de uma hora para outra? Faz-se necessário refletir e analisar muito bem o que pode estar acontecendo que nossos olhos não alcançam ou não querem alcançar. Não podemos agir cegamente.
A Comissão de Ética deveria ter sido instalada para apurar as graves denúncias a fim de elucidar os fatos e dar maior tranqüilidade a todos.
Por outro lado, todos vocês são testemunhas de meu trabalho e minha dedicação enquanto dirigente desta entidade.
Durante 4 desses 18 anos fui servir à CASSI, eleito por uma votação extraordinária, com total apoio da ANABB, a quem sempre honrei em todas minhas intervenções enquanto dirigente daquela Caixa, onde julgo ter feito um bom trabalho.
Após não ter recebido a oportunidade de concorrer a um novo mandato na CASSI, acatando resignadamente a decisão da ANABB, fui convidado a retornar a esta casa, que me acolheu como Conselheiro Estatuinte, em 1992 e como Diretor Administrativo e Financeiro, (atual VIFIN) em 1993. Depois de 9 anos à frente daquela diretoria mais um grande desafio me foi colocado ao ser eleito para a então Diretoria de Relações Funcionais, Aposentadoria e Previdência (hoje VIREF), que considero o coração pulsante da entidade e razão de seu enorme crescimento nos últimos 16 anos. Pouco antes de ser candidato, e vencer as eleições da CASSI, fui eleito para a Diretoria de Comunicação e Desenvolvimento (atual VICOM), missão que foi interrompida para honrosamente servir a nossa Caixa de Assistência.
Ao retornar, em 2010, encontrei uma ANABB muito diferente daquela que deixei em 2006.
Aqui encontrei um clima quase beligerante entre diretores, aliado a um enorme vazio de poder onde há um presidente de direito e um presidente de fato.
O presidente de direito não se envolve, como era de se esperar de um gestor que tem a missão de coordenar um grupo, e se submete as decisões quase que monocráticas de outro (ou outros), que exerce a função de presidente de fato.
Reuniões não são convocadas regularmente, contrariando determinação estatutária, e quando o são deixam a desejar na organização de pautas e assuntos a serem debatidos.
Decisões importantes são tomadas sem ampla discussão no colegiado da Diretoria, como a recente rescisão de um contrato de grande porte e contratação de nova Seguradora e nova Corretora para administrar os seguros de cujas apólices a ANABB é estipulante, entre outras. Tudo feito de afogadilho e ignorando a existência de outros dirigentes, talvez entendendo que, por já deterem a maioria dos votos não se fazia necessário o importante debate e até ouvir ou conhecer o contraditório, configurando-se em um ato autoritário e antidemocrático.
Enfim, o clima de boa governança corporativa não existe na atual gestão, na Diretoria Executiva.
Por outro lado, e talvez consequência dessa falta de boa governança, constata-se um péssimo clima organizacional entre os funcionários, muitos dos quais acatam seus superiores muito mais por temor do que por respeito.
Tudo isso certamente marcados pela falta de orientações claras e objetivas e, quem sabe, contaminados por acontecimentos recentes que provocaram situações de constrangimento muito negativas à entidade e a seus colaboradores, chegando ao ponto de funcionários demitidos ingressarem com ações de Assédio Moral e Sexual, contra dirigente da entidade.
Informações básicas que deveriam estar à disposição de todos os membros da Diretoria são sonegadas ou seus atendimentos retardados propositalmente provocando um clima de desconfiança e de falta de transparência.
Tenho solicitado, e não tenho obtido sucesso, acesso a vários documentos. Em junho passado, por exemplo, vendo frustradas minhas solicitações verbais, solicitei formalmente ao Senhor Presidente, e reiterei algumas vezes, cópias das atas da Diretoria, do Conselho Deliberativo e do Conselho Fiscal e respectivas respostas, no período compreendido desde meu retorno para essa Diretoria. Simplesmente não me foram fornecidas e, pior, não me foi dada qualquer explicação pelo não atendimento, em total desrespeito com o cargo de Vice-Presidente que exerço.
O Conselho Fiscal analisa balancetes e respostas aos seus relatórios sem sequer terem passado pela análise da Diretoria Executiva. Provavelmente os nobres conselheiros desconhecem a ausência desse procedimento. Não quero crer que aprovem esta atitude.
Os Relatórios trimestrais, com suas constatações e respectivas respostas da Diretoria jamais foram apresentados, desde meu retorno, para análise da Diretoria e sequer são dados a conhecer aos demais dirigentes, assim como balancetes mensais que só recentemente, após muita insistência minha, passaram a ser enviados pelo Contador, que certamente cumpria ordens superiores de não enviá-los regularmente.
Há indícios de forte descontrole de processos e informações gerenciais e contábeis, embora o esforço feito pelo contador da entidade em colocar tudo em dia. Assim foi com relação aos pagamentos de indenização e sorteios referentes aos seguros, que gerou forte polêmica, recentemente. Se existissem os devidos controles, nada de polêmico teria acontecido e nenhum associado teria sido prejudicado.
Preocupa-me, também, que não são adotadas medidas sistemáticas que visem reduzir despesas, evitáveis, como consumo de energia, contratação de funcionários, entre outros, a fim de evitar gastos desnecessários ou desperdícios.
Cito como exemplo os gastos realizados com os Encontros de Mulheres, realizados em março/abril deste ano quando foram despendidos cerca de absurdos R$ 700 mil, sem ter a aprovação formal da Diretoria, extrapolando, em muito, a verba estimada para esse tipo de evento. Surpreendentemente, alegam agora não ter recursos para imprimir o livro histórico comemorativo aos 25 anos da entidade que, aprovado pela Diretoria em 2010, levou quase um ano para ser elaborado e concluído com muito carinho e dedicação de todos que emprestaram seus conhecimentos para fazer um registro mais fiel possível da magnífica história desta entidade.
Gastos elevados e sem controle para uns eventos e nada para outros, talvez, ainda mais importantes.
A gota d’água veio no dia 15.08.2011: após o jornal Ação nº 212 estar concluído e remetido à gráfica para impressão, depois de um exaustivo trabalho da área de Comunicação para incluir o material da entrega do Prêmio Cidadania, fui surpreendido pelo dono da Gráfica ao me informar que o Presidente da ANABB havia sustado a impressão, sem meu conhecimento. Motivo alegado: falta de recursos financeiros, em vista da situação precária por que passa entidade. Essa é uma meia-verdade. A outra parte considero boicote ao meu trabalho.
O boicote se confirma quando fiz nova proposta, no dia 19.08, agora praticamente sem custos, que consistia em enviar o jornal, com caráter excepcional, via digital para todos associados detentores de e-mail no cadastro da entidade para não se perder o trabalho feito e as despesas já realizadas. Na reunião do dia 22, também foi vetada essa alternativa. Os argumentos agora eram políticos e não financeiros.
Porque não houve essa preocupação com a tempestividade de evitarem-se os gastos, a esta altura já consumados?
Para o evento das mulheres, liberados mais de R$ 700 mil, com alcance de pouco mais de 2.000 pessoas, sem questionamentos, e para levar a informação aos associados, corte radical, com suspensão de sua mais importante publicação.
Por outro lado, a ANABB é a única entidade, com exceção da Previ, que disponibiliza carro e motorista para os Diretores. A ANABB disponibiliza, inclusive, carro de luxo para uso exclusivo de seu presidente e outro para os demais dirigentes. Ora, se a situação inspira cuidados, porque não se desfazer desses gastos supérfluos, dispensando inclusive motoristas que ficam à disposição, muitas vezes ociosos, para eventual compromisso externo de seus dirigentes? Além disso, existem outros 3 carros para serviços gerais da entidade. Os cortes deveriam começar por aí.
Outro exemplo são os gastos feitos com a COOPANABB onde já foram alocados mais de R$ 6 milhões. São os recursos de mais de 100 mil associados bancando menos de 1.000 cooperados atendidos, nem todos, necessariamente, associados da ANABB.
A ANABBPREV é outro caso a ser analisado: em cerca de dois anos, tem menos de 1.000 participantes e a ANABB destina mensalmente mais de R$ 100 mil para manutenção dos gastos administrativos daquela entidade. Inicialmente aportou ali mais de R$ 1 milhão. Qual o retorno desses investimentos, exceto meia dúzia de novas filiações.
Ora, se estamos em dificuldades, tenhamos coragem de tomar algumas decisões que visem salvar a “galinha dos ovos de ouro” e não correr o risco de matá-la, para atender aos interesses de poucos.
Isso tudo me fez pensar e sofrer muito nos últimos meses.
Acho que o poder na ANABB não vem mais sendo exercido com os olhos voltados para os exclusivos interesses de seus associados.
Entendo que a situação é preocupante e os associados começam a se movimentar e mostrar ansiedade com relação ao futuro desta entidade.
A decisão que ora tomo não o fiz antes porque tinha alguns compromissos com a entidade e particularmente com seus associados: a) Reconstruir a área de Comunicações da ANABB, como me foi recomendado ao ser convidado para retornar. Muitas medidas foram ou estão sendo implantadas para dar melhores condições à área. Passamos a oferecer aos associados o jornal Ação em formato digital, acompanhando as evoluções do mercado; b) Resgatar a história da ANABB nesses seus 25 anos de existência, deixando-a registrada para o futuro, em um livro histórico, muito embora diversos documentos tenham desaparecido ou se deterioraram por absoluta falta de preservação desse material. Para isso foi dado inicio à implantação da digitalização dos documentos da Comunicação, a fim de facilitar o acesso por todos e resguardar documentos históricos, entre outros; c) Retomar as campanhas de apoio aos Comitês de Cidadania e voltar a realizar o PRÊMIO CIDADANIA que, por razões que desconheço, não foi realizado em 2008, a fim de manter a tradição de realização a cada três anos, como fora definido pela entidade, anteriormente.
Encareço a todos que olhemos para esta entidade com olhos de quem quer ver, a tempo de protegê-la e dar-lhe vida longa para o bem dos que nela sempre acreditaram.
Assim, concluo que cumpri com minhas missões mais prementes nesta entidade. Bem ou mal, o tempo e os associados encarregar-se-ão de julgar.
Finalizando, por discordar, profundamente, da forma como vem sendo administrada a ANABB nesta gestão, diante de tudo o que relatei e do que mais desejaria registrar, é que tomo uma difícil decisão, talvez a mais difícil de toda a minha vida e que jamais sonhei ter de tomá-la.
Especialmente diante dos últimos acontecimentos, não mais encontro motivação para continuar. Por mais boa-vontade que eu possa ter não me resta alternativa.
Comunico, neste momento, aos associados da ANABB que entreguei ao Conselho Deliberativo, nesta data, através de sua presidente, carta de RENÚNCIA ao mandato de Vice-Presidente de Comunicação da Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil, retornando à condição de membro efetivo daquele Conselho, eleito que fui pelos associados.
DOUGLAS SCORTEGAGNA
Vice-Presidente de Comunicação
Deve existir muito mais irregularidades na instituição do que a vã filosofia dos associados possa supor
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