O Banco do Brasil registrou lucro líquido de R$ 2,9 bilhões de julho a setembro deste ano, com crescimento de 11,2% em relação a igual período de 2010. Porém, desconsiderados os efeitos extraordinários, o resultado do banco ficou praticamente igual, em R$ 2,5 bilhões.
Parte do brilho do maior banco brasileiro em volume de ativos foi corroído pelos custos mais elevados de captação de recursos e pelas maiores despesas com provisão de crédito. Por isso, apesar do crescimento do lucro, o resultado acabou frustrando as expectativas dos investidores, fazendo com que ontem as ações do Banco do Brasil encerrassem o dia com queda de 2,17%, cotadas a R$ 25,24, num dia em que o Ibovespa subiu 1,52%.
As despesas do Banco do Brasil para provisão com créditos em atraso subiram 24,1% no terceiro trimestre, alcançando R$ 3,3 bilhões, reflexo de um leve crescimento da inadimplência e da própria expansão da carteira de crédito. Mas a cobertura dos créditos vencidos, medida pela relação entre as provisões e os créditos vencidos há mais de 90 dias, aumentou. Foi de 201% em setembro do ano passado para 219,4% em igual mês de 2011.
Ao mesmo tempo, contribuindo para a menor expansão do lucro, os custos de captação subiram 46,9%, para R$ 15,4 bilhões, enquanto as receitas com as operações de crédito aumentaram em um ritmo menos acelerado, de 26,2%, somando R$ 17 bilhões.
Ao fim de setembro, a carteira de empréstimos e financiamentos do Banco do Brasil atingiu R$ 441,6 bilhões, com uma expansão de 21% no ano e de 4,5% ante o trimestre anterior. Os destaques em ambos os intervalos ficaram por conta do financiamento a veículos, do crédito imobiliário - operação nova no Banco do Brasil - e dos empréstimos no exterior.
Os créditos em atraso atingiram 2,1% das operações, com alta de 0,1 ponto percentual ante o período de abril a junho, mas ainda ficaram abaixo da média do mercado, que é de 3,5%.
Essa deterioração foi principalmente puxada pelo banco Votorantim, do qual o Banco do Brasil é sócio com 50%. As operações vencidas há mais de 90 dias passaram de 2,7% da carteira do Votorantim em setembro do ano passado para 4,3% em igual mês deste ano.
A boa notícia do balanço do Banco do Brasil ficou por conta das despesas. Os gastos operacionais caíram 1,1% em um ano. Na comparação com o trimestre anterior, a alta foi de 3,7%, atingindo R$ 2,3 bilhões. Isso aconteceu porque as receitas com serviços e com tarifas cresceram mais do que os desembolsos com a administração.
Dono da maior carteira de crédito consignado e do terceiro maior portfólio de financiamento de veículos do país, o Banco do Brasil sentiu os efeitos da medida do governo que passou a exigir em julho mais capital das instituições nos empréstimos de maior duração para pessoas físicas.
O índice de Basileia do Banco do Brasil recuou de 14,21% em junho para 13,9% em setembro. Esse número ainda deve crescer para 14,05%, já que o banco aguarda o sinal verde do Banco Central para contabilizar como capital emissões de R$ 3,9 bilhões em letras financeiras. O capital de nível 1 do banco recuou de 4,02% para 3,44%.
Segundo dados divulgados pela instituição ontem, o patamar atual de capital da instituição ainda permite um crescimento de R$ 147,2 bilhões da carteira de crédito para atingir o índice mínimo de Basileia exigido pelo Banco Central, que é de 11%.
Segundo Ivan Monteiro, vice-presidente financeiro do Banco do Brasil, o banco tem como meta ficar acima dos 11% determinados pelos reguladores. "Nosso alvo é ficar com um mínimo de 13%", disse.
Questionado sobre medidas para ampliar a base de capital, Monteiro afirmou que a instituição vai esperar a divulgação do Banco Central sobre as regras de Basileia 3, acordo que exigirá mais recursos próprios dos bancos.
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