BEM-VINDO AO BLOG DO RAY.

ESPAÇO DEMOCRÁTICO, TERRITÓRIO LIVRE ONDE TODOS OS ASSUNTOS SÃO TRATADOS E REPERCUTIDOS.


quarta-feira, 30 de novembro de 2011

PREVI PERDEU R$ 1,7 BI COM SOCORRO AO BB

Por Elvira Lobato - Folha de São Paulo
(Matéria postada em 06.2002 - De há muito a PREVI vem sendo mordida pelo BB)


     Em resposta à intervenção ocorrida na semana passada, ex-diretores da Previ (Caixa de Previdência do Brasil) divulgaram documentos mostrando que o governo federal causou prejuízo de pelo menos R$ 1,7 bilhão à fundação para socorrer o Banco do Brasil.

     Em 1996, quando o BB atravessava grave crise financeira, a Previ comprou R$ 1,081 bilhão em ações de seu patrocinador. A perda de R$ 1,7 bilhão é a diferença entre o valor atual das ações e a receita que teria sido obtida se o dinheiro usado na operação estivesse aplicado em renda fixa.

     Dossiê obtido pela Folha mostra que o BC (Banco Central) e o Conselho Monetário Nacional autorizaram a Previ a ultrapassar os limites legais de investimento em ações para viabilizar o negócio. O dossiê será entregue ao Ministério Público Federal na próxima semana. O objetivo dos ex-diretores é responsabilizar o governo pelas perdas do fundo.

     O ex-diretor Henrique Pizzolato (Seguridade) diz que as ações foram compradas por preço acima da cotação de mercado e que a aquisição foi um dos piores negócios da história da entidade.

     O BB vinha de um prejuízo de R$ 4,2 bilhões em 1995 e fechou 1996 com prejuízo ainda maior, de R$ 7,5 bilhões.

     As ações, segundo a área de investimentos da Previ, valem hoje cerca de R$ 1,9 bilhão. Se o dinheiro tivesse sido aplicado em títulos públicos federais, com remuneração pela Selic (taxa básica de juros da economia brasileira), o patrimônio seria de R$ 3,6 bilhões.

     Os técnicos dizem que o rendimento das ações acumulado nestes seis anos foi de 77,56% e ficou muito abaixo da performance mínima (IGP-DI mais 6% ao ano) exigida no plano atuarial do fundo, de 137,65% para o período.


     Dossiê

     A documentação reunida pelos ex-diretores contém as atas das reuniões do BC e do CMN que autorizaram a Previ a extrapolar os limites legais estabelecidos para que pudesse participar do socorro ao Banco do Brasil.

     O principal documento é a ata da reunião da diretoria do BC (de 27 de março de 1996), que descreve a preocupação da área econômica do governo com a situação financeira do BB.

     Foi aprovado que a instituição faria a emissão pública de R$ 8 bilhões em ações e que a Previ ficaria com parte dos títulos. Como não houve aceitação dos papéis pelo mercado, todo o restante foi absorvido pelo Tesouro Nacional.

     Na época, a Previ tinha um patrimônio de R$ 15,9 bilhões e sua carteira de ações já atingira o limite máximo de 50% dos ativos, permitido pela legislação. A fundação já tinha alcançado também o limite máximo permitido para ações do BB em sua carteira (10% do total). Por esses motivos é que seria necessária autorização para que a Previ participasse da operação. A pedido do BC, o Conselho Monetário Nacional autorizou a Previ a extrapolar os dois limites.

     Faz parte ainda do dossiê um relatório de técnicos da Previ mostrando que o preço de subscrição foi acima da cotação das ações do BB nas Bolsas. A título de compensação, o BB ofereceu bônus que poderiam ser convertidos em ações em 2001, 2006 e 2011.

     Segundo técnicos do fundo de pensão, a primeira série de bônus ""virou pó". A Previ desistiu deles porque as ações não tiveram bom desempenho nos últimos anos.


     Outro lado

     O Banco do Brasil informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não comentará as denúncias dos ex-diretores da Previ.revista piaui

     A Folha procurou o ex-presidente da Previ José Valdir Ribeiro dos Reis, que aprovou a compra das ações. Foram deixados recados em sua casa e com sua secretária na Cooperfort (Cooperativa de Economia e Créditorevista piaui Mútuo dos Funcionários de Instituições Financeiras Públicas Federais), em Brasília. Até o fechamento desta edição, ele não havia telefonado nem sido localizado.

     O Banco Central não havia se manifestado até o fechamento desta edição.

3 comentários:

  1. Bom dia Raimundo. Sou ex-funcionário BB e aposentado pela PREVI. O assunto despertou-me interesse. Não encontrei na mídia a fonte original da sua publicação referenciada em Elvira Lobato, Folha de São Paulo. Fica a dúvida de quando, de fato, teria sido publicada essa matéria. Percebi na matéria referências a 2011, mas não fecha com informações de valorização das ações nos últimos 6 anos. Já que a referência desse socorro teria sido o ano de 1996. Agradeço o seu retorno. Antonio Bed

    ResponderExcluir
  2. Antonio Bed, está correta sua observação. A matéria posta tem o objetivo de esclarecer que não é a primeira vez que o BB morde a PREVI, posto que num passado mais remoto o fato já acontecera. A matéria efetivamente foi veiculada em 13.06.2002.

    ResponderExcluir