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sábado, 24 de dezembro de 2011

A "Didadura" no Banco do Brasil
Por Eduardo Araújo
Parte 1
Sob o comando de Aldemir Bendine (o Dida), os funcionários do Banco do Brasil revivem momentos de medo e insegurança nas relações de trabalho, observados nos anos 90 na gestão do "Camargo", que estabeleceu o auge da reestruturação no banco, com flexibilizações e demissões. Diante de metas inatingíveis frente ao atual quadro de funcionários e condições de trabalho disponíveis, toda a diretoria tomou um ultimato e tem a guilhotina prevista para o dia 31 de dezembro caso a superação do acordo de trabalho não seja cumprida. Daí para baixo, a replicação do terrorismo ficou garantida, seguindo a hierarquia da "confiança". Neste cenário só é bom quem "entrega" o resultado, não importando a que custo.
No último dia 28 de novembro, a diretoria anunciou nos meios de comunicação internos que não está permitida nenhuma nomeação até 31 de dezembro e que todos os administradores cancelassem e adiassem suas férias - independentemente de seus prejuízos pessoais e familiares - para depois do dia 15 de janeiro de 2012, sob a desculpa da garantia da parceria com o Banco Postal. Caso isso fosse realmente o motivo, ficaria demonstrado mais uma vez a incompetência da atual direção do banco, que efetivamente faz sua opção por não atuar estrategicamente, mas sim administrar taticamente como na época em que seus integrantes eram superintendentes.
Soma-se a isso o descaso com o diálogo, o bom clima organizacional, as condições e as relações de trabalho que reina nas dependências do banco e que se acumula nesta gestão da mesma forma que nas anteriores, iniciadas no período FHC/Camargo. Mas agora a prioridade parece ser outra: a realização pessoal de alguns por conta do "mandato curto", que, depois de deixarem terra arrasada, podem atuar na iniciativa privada como Rossano e Lima, entre outros, que o fizeram após saírem do BB. Para agravar a situação atual, sucedem-se as reestruturações, com centralização/mudança para São Paulo de órgãos táticos e estratégicos, baseadas em fundamentos técnicos facilmente questionáveis.
Nos últimos dias constatamos em diversos locais de trabalho país afora o retorno das centrais "clandestinas/ilegais" de crédito para que, a qualquer custo, sejam atingidos R$ 1 trilhão em ativos, conforme mensagem do presidente. Intitulado "Conquistas do presente, promessas para o futuro", o texto diz que "O desafio é chegarmos a R$ 1 trilhão de ativos, a marca é inédita e vai coroar o belo trabalho que nossa equipe tem feito", e foi divulgado na página 7, Revista bbcomvc, ano II, nº 70, de outubro deste ano. Para pressionar ainda mais os funcionários, os gestores estão dizendo que seguem "ORDENS DO PLANALTO", o que é crível, primeiro se o discurso for para ampliar o superávit primário e, depois, se for para aquecer o mercado interno, como anunciado na matéria do caderno finanças do Valor Econômico, de 5 de dezembro de 2011, página C3 ("BB acelera concessão para pessoas físicas - Estratégia paz parte do esforço do governo para estimular a atividade econômica neste fim de ano").
Vamos questionar oportunamente ao Planalto se a meta de R$ 1 trilhão de ativos e lucro líquido superior ao do Itaú que a diretoria determinou tem que ser atingida com o suor e sangue dos trabalhadores e trabalhadoras do BB, com o contínuo e sucessivo descumprimento da legislação e das normas trabalhistas (jornada de 6 horas, desvio de função, atropelo da Norma Regulamentadora 17 do Ministério do Trabalho), escondendo e ampliando o passivo trabalhista.
Os funcionários e funcionárias, "tratados" e chamados de colaboradores, na matéria "Investimento em Capital Humano", página 33 da revista acima citada, obrigados a cumprir carga horária de treinamento sabe-se lá como, convivem com eternos cortes de orçamento, sistemas precários, contraproducentes, além da vigilância constante do superior, que deixou de ser gestor para ser "apontador". Sob a ameaça diária de processos administrativos em troca de "entregarem" o resultado para se promover ou mesmo se manter na função, os bancários, que se diferenciaram dos comerciários desde a primeira metade do século passado, voltaram a ser chamados de "vendedores".
Eduardo Araújo é diretor do Sindicato dos Bancários de Brasília e coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil

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