BEM-VINDO AO BLOG DO RAY.

ESPAÇO DEMOCRÁTICO, TERRITÓRIO LIVRE ONDE TODOS OS ASSUNTOS SÃO TRATADOS E REPERCUTIDOS.


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

A GERÊNCIA MÉDIA DO BB


A gerência média do Banco do Brasil e a rã na chaleira

Wagner Nascimento*
Diretor do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região

Uma metáfora bem conhecida nos meios acadêmicos é a da rã na chaleira. Se tentarmos colocar uma rã numa chaleira de água fervente, esta certamente saltará ou tentará com todas as suas forças pular para sobreviver. Quando, porém, colocamos uma rã numa chaleira de água fria e levamos ao fogo, ela se acomodará com o aquecimento da água aos poucos e, quando se atentar, já estará quase cozida, comprometendo sua sobrevivência.

A gerência média do Banco do Brasil não pode ter um comportamento semelhante ao de uma rã na chaleira. A inércia quanto às metas abusivas, à pressão e ao assédio moral tem levado a gerência média do BB a uma percepção tardia de que o corpo já está cozido, debilitado e doente; e, mesmo assim, acham que as coisas são assim mesmo e não adianta fazer nada.

A Campanha Nacional dos Bancários é um momento importante para discutir temas como metas absurdas e assédio, além, é claro, de falar sobre aumento salarial. Agora também são estabelecidas mesas de negociação com intuito de discutir e encontrar as soluções para os problemas detectados durante o ano.

Vêm para a pauta de negociações diversas reivindicações de interesse da gerência média como a equiparação salarial com trabalhadores de outros bancos - que pagam melhor seus funcionários de mesmo cargo; a igualdade de salários entre os gerentes de atendimento, de serviço e de relacionamento nas Unidades de Negócio; igualdade entre os gerentes de grupo e de setor nas Unidades Estratégicas e Unidades de Apoio.

A gerência média quer uma PLR maior sem vinculação com metas individualizadas e um verdadeiro “acordo” de trabalho que tenha regras estabelecidas de forma clara.
Esses gerentes também não querem correr o risco ser descomissionados em apenas um semestre, como propõe a direção do banco.

Nenhum deles sabe como são criadas as metas, nem o porquê das constantes e“estimulantes” mudanças no Programa Sinergia - Sistema de Acompanhamento de Metas do Banco do Brasil, de forma que este não seja entendido nem pela gerência média, nem pelos gerentes gerais das agências.

Nem mesmo as Gerências Regionais não sabem de forma mínima explicar o porquê de uma carteira de clientes estar em 1º lugar em um dia e no dia seguinte ser a última colocada. Como explicar também uma carteira ter saldo positivo de 70 mil na segunda-feira à tarde e, na terça-feira pela manhã está devendo 1 milhão? É normal uma meta de um semestre para determinado produto ser estabelecida em 300 mil e no meio do período se transformar em 1,5 milhão?
Estas são algumas das reclamações colhidas nas conversas, reuniões, cafezinhos e bate-papos, desabafos diários de colegas angustiados. Mas como fazer da reclamação uma indignação?
A greve, frustradas as negociações, é o melhor momento para mostrar a sua importância para a empresa e expor toda essa indignação e, ainda, junto com os outros colegas, lutar por salários melhores e condições de trabalho mais favoráveis. Contudo, a síndrome da rã na chaleira levou muitos profissionais da gerência média do BB a se transformarem rapidamente de indignados em resignados.
Na busca da motivação pela qual uma rã na chaleira não faz greve, ouve-se dizer que é porque:
  • ela fechou os olhos para o assédio moral. Se a meta for abusiva demais, uma "espuminha" (vendas casadas e “incremento” de produtos em contas inativas) resolve já que a fraude nos produtos é norma da casa e a "turma de cima" faz vista grossa;
  • o adoecimento por depressão tem promessa de cura com os diversos remédios de uso controlado à disposição nas farmácias e drogarias de cada esquina;
  • muitos foram comissionados de uma forma pouco objetiva e acham que deve ao seu superior uma relação servil, quebrada pelo simples rodízio de gestores, onde uma nova relação deverá ser estabelecida, com grande possibilidade de se transformar numa tormenta de ameaças de descomissionamento.
Não se pode ter o comportamento de rã na chaleira e se esconder da luta, usando o período de greve para fazer seu telemarketing e cumprir suas metas "sossegadamente" sem a "chatice do atendimento" ao cliente na agência, exatamente como o banco gosta e prega nas reuniões. Já que a ética é coisa dos livros, vamos então "fraudar a greve", onde nós fingimos que fazemos greve e o banco finge que nos valoriza.

Mas o sentimento de rã na chaleira não é de toda a gerência média. Decerto há muitos que, ao invés de resignação, têm demonstrado profunda indignação com as condições de trabalho e adoecimento precoce e com a forma como a empresa tem conduzido seus negócios. Estes estão de parabéns pela postura firme, serena e corajosa. Postura essa que ganhou as ruas e dá seu recado claro.

Este texto é um convite à reflexão sobre a nossa responsabilidade como trabalhadores e como pessoas. Dá tempo de pular da chaleira e saltar para as ruas enquanto a água não ferve e nos mata! Então, você vai ficar aí parado?

Saia do inverno da resignação! Salte, que a primavera chegou!

*Wagner Nascimento é funcionário do Banco do Brasil e já presenciou colegas tomando remédio tarja-preta e viu amigos adoecendo de depressão dentro do banco

17 comentários:

  1. Belíssimo texto do Wagner, do Sindicato de Belo Horizonte. Já mandaram para o Presidente Dida?

    ResponderExcluir
  2. PARABÉNS AO WAGNER! EXCELENTE PARA REFLEXÃO. DEVERIA SER ENVIADO PARA TODA GERÊNCIA MÉDIA DO BB.

    ResponderExcluir
  3. Essa é a realidade nua e crua... Vivemos num mundo doente.

    ResponderExcluir
  4. Mas esse Banco não é "BOMPRATODOS"?

    ResponderExcluir
  5. RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL ZERO.

    ResponderExcluir
  6. Dida é o Câncer do BB....é vergonhoso ver a CEF pagando bem,nós,funcis do BB ganhamos 40% menos que os empregados da Caixa,e a caixa está continuamente tendo lucro,e dentro em breve será o terceiro maior banco do país.
    Vergonha,senhor Bendine.

    ResponderExcluir
  7. A CEF implantou, em todo país, comissões de conciliação prévia para resolver a questão da JORNADA LEGAL DE SEIS HORAS. Enquanto isso, o BB continua inerte, como se nada estivesse acontecendo... O maior banco público do Brasil também é o segundo colocado em uma lista dos MAIORES DEVEDORES TRABALHISTAS divulgada pelo TST recentemente. VERGONHA!

    ResponderExcluir
  8. Infelizmente o BB tem muita, mas muita rã na chaleira, ou melhor, num CALDEIRÃO do tamanho do MARACANÃ!

    ResponderExcluir
  9. A gerência média da CEF é ATIVA e a gerência média do BB é PASSIVA. Por isso a primeira conquista mais, expressa mais e vence mais.

    ResponderExcluir
  10. Caixa vai abrir 2 mil agências até 2014, afirma Hereda em http://economia.ig.com.br/mercados/2012-09-24/caixa-vai-abrir-2-mil-agencias-ate-2014-afirma-hereda.html

    ResponderExcluir
  11. O FUNCIONALISMO DO BB NÃO QUER SABER DE ÍNDICE DE 6, 7, 9, 10%. QUER VER É A RESOLUÇÃO DA QUESTÃO DA JORNADA LEGAL DE SEIS HORAS. PONTO.

    ResponderExcluir
  12. Uma música do Legião Urbana reflete a situação pra mim hoje:
    E há tempos nem os santos têm ao certo
    A medida da maldade
    Há tempos são os jovens que adoecem
    Há tempos o encanto está ausente
    E há ferrugem nos sorrisos
    E só o acaso estende os braços
    A quem procura abrigo e proteção.

    ResponderExcluir
  13. Outra da LEGIÃO:
    Nas favelas, no Senado
    Sujeira pra todo lado
    Ninguém respeita a Constituição
    Mas todos acreditam no futuro da nação
    Que país é esse?
    Que país é esse?
    Que país é esse?

    ResponderExcluir
  14. RESPEITO AO ARTIGO 224 DA CLT. RESPEITO À JORNADA DE SEIS HORAS.

    ResponderExcluir
  15. O BB é um verdadeiro celeiro de rãs na chaleira, por isso as conquistas são bem menores do que na CAIXA FEDERAL.

    ResponderExcluir
  16. DECRETO-LEI N.º 5.452, DE 1º DE MAIO DE 1943 - Art. 224 - A duração normal do trabalho dos empregados em bancos, casas bancárias e Caixa Econômica Federal será de 6 (SEIS) horas contínuas nos dias úteis, com exceção dos sábados, perfazendo um total de 30 (trinta) horas de trabalho por semana. (Redação dada pela Lei nº 7.430, de 17.12.1985)

    ResponderExcluir
  17. 7ª e 8ª horas – Julgado pelo TRT/PI - http://www.bancariospi.org.br/novo/txt.php?id=2185

    ResponderExcluir